quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pasteleiro amputado recebe mão biónica


"Pelo que já experimentei é quase igual. A única diferença é que não tem sardas nem pêlos", explicou ao DN João Carlos, mais conhecido na aldeia de Prozelo como "cenourinha". Aos 32 anos, é pasteleiro de primeira classe, numa empresa de Ponte de Lima, e garante que a falta da mão esquerda nunca o condicionou. "Fiz tudo como outra pessoa qualquer, nunca me deixei limitar. Faço tudo tão bem ou melhor do que os outros", afirma. Com sete anos, na festa da terra, uma brincadeira de criança com fogo-de-artifício decepou-lhe mão. João Carlos cortou o braço esquerdo quase até ao cotovelo. Ficou sem parte do polegar da mão direita. Foi assim que cumpriu toda a escolaridade, até concluir, na Escola Profissional do Alto Lima, o curso de técnico de informação turística, em 1992.

Ao fim de uma dezena de internamentos no Centro de Reabilitação Profissional de Vila Nova de Gaia, em pouco mais de um ano, garante estar pronto para receber a mão, processo que envolveu testes aos tendões e "medidas exactas" para fazer os moldes. "É espectacular. Parece verdadeira e vou poder usá-la normalmente, só não vou ter sensibilidade", explica. Trata-se de uma prótese avançada, com cinco motores individuais que accionam cada um dos dedos, desenvolvida para João Carlos.

O resultado final, nomeadamente os gestos e força da mão, são possíveis graças a eléctrodos que detectam sinais eléctricos gerados nos músculos remanescentes do membro que lhe foi amputado. "A ciência está tão evoluída, que cada dedo vai ficar com força para pegar até oito quilos", conta, satisfeito. A mão biónica custou-lhe cerca de 30 mil euros, tendo contado com uma comparticipação do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Vai ser definitivamente instalada na próxima segunda-feira, no Centro de Reabilitação Profissional de Gaia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário